sexta-feira, 28 de dezembro de 2012



"Não soube compreender coisa alguma! Deveria tê-la julgado por seus atos, não pelas palavras. Ela exalava perfume e me alegrava... Não podia jamais tê-la abandonado. Devia ter percebido sua ternura por trás daquelas tolas mentiras. As flores são contraditórias! Mas eu era jovem demais para saber amá-la."
- O pequeno Príncipe.

Eu não sabia como amá-lo. Sempre que estava com ele, causava-lhe alguma dor.  E essa situação me fazia sofrer também. Então, como não deveria ter feito, eu o abandonei.
Assim como as flores do pequeno príncipe, o amor é contraditório. Eu o amava. Eu o odiava. Mas não são sentimentos opostos, ódio também é sentir. "O contrario do amor é a indiferença." Bom, a essa fase ainda não cheguei. A verdade é que nem te odiar eu consigo.

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Borboleta azul

Era um dia típico de verão. Eu usava meu vestido florido. Adorava aquelas cores alegres. Ele era leve o que caia bem naquele calor. Eu só tinha sete anos e passeava no parque com minha mãe. Estava com fome e ela tinha entrado na fila para comprar comida.  Eu esperava ao seu lado até que vi uma borboleta azul.

-Mamãe, olha a borboleta.

-Sim filha, é linda.

Distraída falando ao celular enquanto esperava a fila andar, ela não me viu correr atrás daquele minúsculo ser com asas. Um pouco mais a frente vi mais borboletas, de várias cores e tamanhos. Um garotinho também corria atrás delas.  Juntamos-nos nessa caçada e nossa amizade começou.
Alguns minutos depois minha mãe me encontrou. Parecia preocupada, mas ficou aliviada quando me viu.  Disse-me para não sumir mais dessa forma e eu assenti com a cabeça.
A mãe do garotinho também apareceu e por coincidência (ou destino?) era uma velha amiga da mamãe. Não se viam há anos e isso foi a desculpa perfeita para a conversa rolar solta. A tarde inteira elas conversaram, enquanto eu brincava com um garotinho e borboletas azuis.

Os anos se passaram e eu hoje me encontro em um quarto meticulosamente mobiliado. Sentada perto de uma janela com vista para o parque, recordando aquele dia em que o destino nos uniu. Eu mal sabia que aquele menino viria a ser o dono do meu primeiro beijo. Não imaginava que hoje estaria nesse quarto olhando um bebê de olhos azuis em um sono profundo.  Olhos azuis como os daquele garotinho, que se tornou o homem que logo chegará do trabalho. Azuis como as borboletas do móbile que balança acima do berço.  Azuis como aquelas borboletas que ainda vejo através da janela da mente, voando livremente no parque. 


quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Apostas


Em silêncio, meu peito transborda.
Pequeno para o espaço que ocupa a tristeza.
Repleto em toda sua natureza
De flores secas que não irão desabrochar.

A cada batida, uma tempestade.
Torrente nos olhos, sangue da alma.
A dor e o silêncio acalmam
Perguntas que o tempo me mostra.
Procurando respostas,
A todo momento rolam os dados.
Os minutos estão marcados.
Estão feitas as apostas.

Queria escrever algo, mas nada que vaga em meu peito tem coerência para ser posto em palavras.
Como pássaros assustados meus pensamentos, ao menor ruído, abrem suas asas e alçam voo.
Como estrelas, inalcançáveis, reluzem por atenção. Para logo em seguida serem encobertos por nuvens.
Abstratos, dançam entre fios de cabelos, páginas de livros e teclas de computador.
Perdem-se em sonhos ou em realidades. Encontram-se em lágrimas e sorrisos.
Flutuam nos ideais da liberdade. Iludem-se a caminho do paraíso.

É o fim.. ou o princípio.

Quem a via, ali, quieta não poderia imaginar o turbilhão que se fazia seus pensamentos. Aquela manhã havia começado como todas as outras. Banho, café, faculdade. O dia foi passando, mas os pensamentos não a deixavam em paz. Ela precisava tomar uma decisão. Ele estava ao lado dela fazia um ano. Trouxe alegrias, mas junto também vieram muitas tristezas. Falta do apoio da família, fofocas na escola, durante o final do ensino médio. Obstáculos que foram vencidos pelos dois. Porém o maior deles vivia dentro dela. Uma marca na alma, um trauma de origem desconhecida. E isso não a deixava estar verdadeiramente com ele. Ela tentou, contudo o que vivia dentro dela foi mais forte. Ela não consegue estar bem com um homem. Não só ele mais qualquer indivíduo do sexo masculino. Ele queria mais. Ela não poderia corresponder às expectativas dele. Ele já estava cansado de tentar convencê-la e no final havia resolvido respeitá-la para não perde-la. Porém para ela já havia sido demais. O desgaste emocional foi intenso os medos e os traumas foram reforçados Ela se magoava e o deixava magoado também. Então uma decisão foi tomada. Ela desistiu. Uma companhia de um ano foi perdida. O deixou, mas permaneceu com seus traumas a atormentando. Naquela noite não chorou. Dormiu como pedra e acordou na manha seguinte para ir à faculdade. Lá ninguém nada percebeu. Aos próprios olhos ela parecia insensível, mas sabia que a qualquer momento as lágrimas iriam jorrar. Ela sabe que precisará ser forte para vencer tudo isso sozinha, mas tem que tentar. Não poderá nunca sacrificar a própria felicidade por outro alguém. Porém sua felicidade parece estar tirando férias em um lugar qualquer num planeta bem distante. Ela vai ter que amadurecer muito, lutar muito e está disposta a conseguir tudo isso, sozinha. Ao final de tudo, a ela deixará de ser uma menina e se tornará uma grande mulher.

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

13/11/12



Talvez eu finalmente tenha surtado.
Talvez finalmente meus traumas se tornaram maiores que eu.
Tenho reações estranhas, comportamentos inconstantes..
Tenho desejos reprimidos e vergonhas ocultas.
Sozinha na escuridão da noite eu encontro meu lar.
Viajo em pensamentos e tento nesse mundo me encaixar..
Absorta na escuridão, não se sabe se é noite lá fora ou no meu coração.