quarta-feira, 21 de maio de 2014

Uma sombra se move sobre minha cabeça. Pego, deixo-a tomar forma em minhas mãos. Olho através dela. Já sei o que vou encontrar. Todas elas me trazem a mesma imagem. Não consigo escapar. Se não as pego, elas não vão embora. Me cercam por horas até finalmente entrarem em combustão. E incendeiam o que estiver pela frente. Assim eu sou obrigada a reviver dia após dia as mesmas imagens. Cavando um poço de dor cada vez mais profundo na minha alma. Já não tenho mais lágrimas. Tanta dor faz com que eu me sinta  incapaz de chorar. É incoerente, mas a dor parece me fazer insensível às outras coisas. As imagens passam. Não preciso olhar, conheço-as bem. Me encaminho para frente do espelho. Arrumo os cabelos, engulo o grito que está na garganta, levanto a cabeça e saio. Preciso ir à faculdade.

sábado, 17 de maio de 2014

12.05.14


Nem todas as linhas tortas são inúteis. Nem todo caminho que se cruza é encruzilhada. Nem toda semelhança é mera coincidência.

Talvez eu seja apenas mais uma nessa estrada tortuosa. Meus passos nunca foram tão seguros. Minhas mãos nunca souberam onde se apoiar. Meu coração flutuava entre a pedra e a pena, nunca sabendo qual era seu lugar. Eu corri em círculos achando que chegaria à algum lugar. Eu vi o sol nascendo errando a direção. Eu provei a maldade que habita alguns seres. Tentei confiar e me machuquei. Tentei não devolver a dor que me causavam. No final, fui eu quem quebrei. Me fiz no vazio, no escuro do nada. Me vi no destino de quem, sem aviso, antecipa uma data marcada. Eu quis desistir, tentei terminar. 

Mas achei aquele alguém. Eu poderia escrever sobre como esse alguém mudou minha vida. Mas ela sabe sua importância para mim e esse não deveria ser um escrito sobre amor. É algo sobre a dor de viver. Eu nunca soube de tudo. Eu nunca soube de nada. Mas uma coisa é mais que certa: Viver dói. 

E amar torna suportável a dor de viver.

XVII

Leste.
Sem norte.
À sorte.
Encandeia-me.

L-e-s-t-e.
Ler-te.
Ver-te
Ao norte.

Amar-te.
Querer-te.
Tornar-se.
Mais forte.

Mostra-me.
A rosa.
No verso.
Que cinza.

Gritas.
Que escuto:
"Na caminhada.
Perdida.

Dia após dia.
Meu eu.
Com teu eu.
Se (re) encontra." 

Dezesseis e cinco.



Perfeição. 
Sutil estremecer das mãos. 
Tua alma nua. 
Minha alma crua.
O sabor do teu amor. 
Nas minhas mãos o teu calor.
Que emana do âmago. 
O sentir do teu beijo. 
De repente, me vejo.
Totalmente tua.