sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Borboleta azul

Era um dia típico de verão. Eu usava meu vestido florido. Adorava aquelas cores alegres. Ele era leve o que caia bem naquele calor. Eu só tinha sete anos e passeava no parque com minha mãe. Estava com fome e ela tinha entrado na fila para comprar comida.  Eu esperava ao seu lado até que vi uma borboleta azul.

-Mamãe, olha a borboleta.

-Sim filha, é linda.

Distraída falando ao celular enquanto esperava a fila andar, ela não me viu correr atrás daquele minúsculo ser com asas. Um pouco mais a frente vi mais borboletas, de várias cores e tamanhos. Um garotinho também corria atrás delas.  Juntamos-nos nessa caçada e nossa amizade começou.
Alguns minutos depois minha mãe me encontrou. Parecia preocupada, mas ficou aliviada quando me viu.  Disse-me para não sumir mais dessa forma e eu assenti com a cabeça.
A mãe do garotinho também apareceu e por coincidência (ou destino?) era uma velha amiga da mamãe. Não se viam há anos e isso foi a desculpa perfeita para a conversa rolar solta. A tarde inteira elas conversaram, enquanto eu brincava com um garotinho e borboletas azuis.

Os anos se passaram e eu hoje me encontro em um quarto meticulosamente mobiliado. Sentada perto de uma janela com vista para o parque, recordando aquele dia em que o destino nos uniu. Eu mal sabia que aquele menino viria a ser o dono do meu primeiro beijo. Não imaginava que hoje estaria nesse quarto olhando um bebê de olhos azuis em um sono profundo.  Olhos azuis como os daquele garotinho, que se tornou o homem que logo chegará do trabalho. Azuis como as borboletas do móbile que balança acima do berço.  Azuis como aquelas borboletas que ainda vejo através da janela da mente, voando livremente no parque. 


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