segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Ebulição

Temperatura amena.
Tempo nublado, poucos raios de sol.
Pele translúcida. Sorriso sincero.
Bochechas vermelhas. Rosto macio.
Pequeno desassossego. Tensão da situação.
Lábios colados. Corpos unidos.
Intensa fusão de desejos
Em ebulição.

domingo, 13 de outubro de 2013

ANA


Ana é som e silêncio.
Ana é dor de quem assiste e quem sente.
E dor de mente sã e doente.
A flor de quem delira sorrindo da loucura.
E desejo de quem ama além da superfície.
Dos corpos que se entregam com intensidade. 
De bocas que se tocam como animais famintos.
Instintos selvagens de quem sonha entre as sombras.
De alma vulnerável que se entrega ao delírio do verbo amar.
Amar na loucura, na fartura da solidão. 
Tu, Ana.
Eu, Ana.


Inspirado no curta metragem: ANA

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Rest in peace

Foi no ponto de encontro das vizinhas
Que se foi o sorriso da velhinha.
Ontem, ela olhava a lua.
Hoje, pessoas choram na rua.

De repente. Desavisado.
Ou avisado a uma menina impotente. 
Sonhos. Cenas. Avisos.
Exigência de preparação. 

As vizinhas, logo voltarão a ser falantes.
Encontrarão outro ponto.
 Fofocarão como antes.
Logo, nem lembrarão da velhinha.
Mas para a menina, ficará na memória 
O vem e o vai
da cadeira de balando onde sentava a velhinha. 


Descanse em paz, Dona Safira.

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Ômega

E existia um lugar,
Lugar habitado por uma menina.
E nessa menina, uma grande tristeza.

E havia luta.
Interna.
Severa.
E havia dor.

E uma lágrima:
Seca.
Salgada.
Oprimida.

E existia um remédio.
Lá, no silêncio do prédio,
Janelas dão asas à vida.

E existe um lugar.
Não mais habitado por uma menina.
E nessa menina não há mais tristeza.
E nessa menina não há mais a vida.


quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Canção para a menina maltratada - Celso Gutfreind


Não, não será com métrica
nem com rima.Uma coisa sem nome violentou uma menina.Ação barata sem a pratado pensamento o ouro do sentimentoo dia da empatia. Noite.Uma coisa. Não era o lobonem o ogro nem a bruxa,
era a fúria do real
sem o carinho do símbolo.
Stop, a poesia parou.
Ou foi a humanidade?
Stop nada, a menina sente e segue
com métrica, rima, graça, vida.
Onde está tua vitória, ignomínia?
Uma prosa continua
poética como era
saltitante o bastante
para não perder a poesia.
A coisa (homem?) é punida como um lobo
no conto de verdade. E imprime-se um nome
na ignomínia.
A menina liberta expressa
ri e chora, volta a ser
qualquer (única) menina.
Pronta para a métrica
pronta para a rima
pronta para a vida
(canto de cicatriz),
pronta para o amor a dois,
à espera, suave, escolhido.