domingo, 5 de maio de 2013

O que não aconteceu.

E um dia ela encontraria uma foto antiga dos dois e eles se lembrariam de como se conheceram. Ele não lembraria da roupa que ela usava, mas lembraria de como o sorriso dela o encantou. Ela diria como em um primeiro momento detestou o jeito do menino moleque que sorriu pra ela. E eles lembrariam de como ele passou aquele ano tentando conquistá-la e ela diria que estava completamente apaixonada pelo moleque detestável, mas que o seu orgulho não a deixava admitir isso. E eles lembrariam de como, na festa de fim de ano da escola, deram seu primeiro beijo. Ele contaria como foi receber o sim dela. E ela diria como foi bom tê-lo conhecido. E os dois ficariam emocionados lembrando do dia do casamento e do nascimento da primeira filha dois anos depois. E recordariam suas primeiras palavras e seus primeiros passos. E como foi vê-la partir para universidade. E tê-la com eles em todas as férias de verão. E daquele inverno, quando ela veio para o natal com seu novo namorado e de como o ciúme bobo de pais super protetores os fez ficarem com um pé atrás. Ele lembraria da emoção de entregar a filha ao noivo em frente ao altar. E da emoção de ter o netinho nos braços pela primeira vez, e de vê-lo crescer, chegar correndo gritando "vovô e vovó". E se beijariam sabendo que foram felizes e que valeu a pena estarem juntos até hoje.

Mas nada disso aconteceu. Ela cometeu suicídio, aos dezoito anos. A depressão levou uma vida que mal começara a existir.

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